Aves frugÃvoras otimizam alimentação em ambientes estressantes, revela pesquisa
Um estudo realizado por um grupo de pesquisadores de diversos países, do qual participaram o professor do Departamento de Ciências Biológicas (DCB), José Carlos Morante-Filho, e o egresso do Programa de Pós-Graduação em Ecologia e Conservação da Biodiversidade, Ícaro Menezes, ambos da Universidade Estadual de Santa Cruz (Uesc), aponta que aves frugívoras otimizam sua alimentação perto dos limites de sua distribuição geográfica.
A pesquisa foi publicada recentemente na revista Science, considerada de alto impacto internacional, sob o título “Birds optimize fruit size consumed near their geographic range limits”. A investigação faz parte da busca de cientistas para compreender como espécies nativas conseguem sobreviver em ambientes perturbados, uma vez que os habitats naturais de diversas espécies são cada vez mais degradados e reduzidos.
Usando um amplo banco de dados com informações coletadas em seis continentes sobre centenas de espécies de aves e plantas que produzem frutos, o artigo demonstra que populações que vivem próximas ao limite da sua distribuição geográfica, onde as condições bióticas e abióticas são menos adequadas, podem mudar sua dieta como um mecanismo de sobrevivência.
Outra estratégia pode estar associada a otimização alimentar através da obtenção de recursos mais energéticos e que demandam menos tempo de forrageamento, a exemplo de aves que são forçadas a “consumir frutos maiores, que cabem facilmente em seus bicos e que serão pouco manuseados”, explica Morante-Filho. “Esse resultado foi ainda mais evidente para as espécies consideradas frugívoras obrigatórias, como as aves da família Cotingide que possuem dieta composta majoritariamente de frutos”, acrescenta.
O estudo proporciona novas informações sobre como sobre como a interação entre aves e plantas pode variar ao longo da distribuição geográfica das espécies. Esse é um ponto importante, visto que as aves que se alimentam de frutos (frugívoras) são os principais dispersores de sementes, especialmente nas florestas tropicais, tendo, portanto, um papel crucial na regeneração de ambientes degradados.
Confira o artigo completo aqui: https://www.science.org/doi/10.1126/science.adj1856